Natureza-morta, 1952
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De 1956 a 1957, iniciei os trabalhos não figurativos, mas a administração do cafezal estava tornando-se um peso demasiado para mim, pois absorvia todo o meu tempo. Finalmente, vendo-me às voltas com grandes dívidas e cada um de meus irmãos tornando-se independentes, vendi o cafezal e fui a São Paulo determinado a viver como pintor. Em 8 de outubro de 1957 mudei para São Paulo, levando minha mulher e três filhos, mas não foi fácil a vida nova na cidade. A vida de pintor profissional, pela qual tanto ansiara, era mais penosa do que havia imaginado e passei a pintar gravatas e placas. |
Vibração momentânea,
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De 1956 a 1957, iniciei os trabalhos não figurativos, mas a administração do cafezal estava tornando-se um peso demasiado para mim, pois absorvia todo o meu tempo. Finalmente, vendo-me às voltas com grandes dívidas e cada um de meus irmãos tornando-se independentes, vendi o cafezal e fui a São Paulo determinado a viver como pintor. Em 8 de outubro de 1957 mudei para São Paulo, levando minha mulher e três filhos, mas não foi fácil a vida nova na cidade. A vida de pintor profissional, pela qual tanto ansiara, era mais penosa do que havia imaginado e passei a pintar gravatas e placas. |
Mabe, Galeria de Arte das Folhas, 1959 |
Dois anos mais tarde, quando recebi o Prêmio Leirner de Arte Contemporânea, na Galeria de Arte das Folhas — da qual participavam artistas de todo o país — e o Prêmio de Melhor Pintor Nacional na 5ª Bienal de São Paulo, fiquei exultante. Haviam se passado dez dias desde o recebimento do prêmio da Bienal de São Paulo quando chegou um telegrama do exterior com a notícia: "Manabu Mabe recebeu o prêmio da I Bienal de Jovem de Paris". |
Mabe recebendo o prêmio
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Sob estrondoso aplauso e pelas palavras do então presidente da República, Juscelino Kubitschek, "Parabéns, esforce-se cada vez mais em benefício do mundo das Artes Brasileiras", senti-me plenamente recompensado como filho de imigrante. Foi-me dada oportunidade de apreciar os trabalhos de autores consagrados no mundo inteiro. As minhas ideias, influenciadas por aquelas obras, sofreram mudanças. A pintura, agora, como eu a via, era um verdadeiro combate corpo a corpo; era, em síntese, um espírito de luta. |
Capa da revista Time, 1959 |
Art: The Year of Manabu Mabe A revista Time comentou a conquista de prêmios em duas bienais sob o título 1959, o ano de Manabu Mabe e fui apresentado em reportagem de uma página, desde a minha infância até a outorga dos prêmios. O que é arte? Qual a finalidade da minha pintura? Certo dia pensei sobre tudo isto, e desde então, já se passaram mais de vinte anos. Foi bom ter pensado, pois o lavrador tornou-se pintor e minha vida mudou. |